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Conheça a comunidade de leitura que dá voz a autoras brasileiras

  • Foto do escritor: Brenda Destro
    Brenda Destro
  • 23 de set. de 2024
  • 6 min de leitura

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Ana Beatriz Assad, uma jovem de 23 anos nascida no Rio de Janeiro e atualmente moradora de Porto Alegre, encontrou na literatura brasileira uma forma de expressão e, sem imaginar, acabou construindo uma comunidade de leitores apaixonados por autoras nacionais. Formada em Letras, Ana compartilha sua trajetória com entusiasmo e humildade, revelando como seu hobby de leitura se transformou em uma ferramenta de apoio e troca entre leitores de todo o país.


A ideia de criar um perfil no Instagram dedicado às suas leituras surgiu no início de 2024, movida pela necessidade de compartilhar impressões sobre livros que, segundo Ana, pareciam não receber tanta atenção. “Eu não tinha com quem conversar sobre as leituras que fazia. Via que o público em geral falava muito sobre livros de fantasia ou autoajuda, mas eu queria trazer outros tipos de literatura”, conta.


Surpreendentemente, a comunidade literária se mostrou repleta de leitores com interesses semelhantes. O perfil, inicialmente pensado para ser um hobby, logo se transformou em um espaço de discussões sobre autoras brasileiras, como Clarice Lispector e Natália Polesso. “Eu percebi que muitas pessoas também tinham interesse em ler essas autoras, o que me surpreendeu muito, pois achei que seria difícil encontrar esse público”.


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Ana ao lado de Camila Maccari e de Natalia Borges Polesso

Ana revela que um dos principais fatores que a incentivam a continuar o projeto são as mensagens recebidas de seus seguidores. “Recebo relatos de pessoas dizendo que um livro mudou a vida delas, que choraram, que se identificaram profundamente com uma obra. Isso é o que mais me toca”, diz. Especialmente gratificante para ela é ver o reconhecimento de autoras independentes, cujo alcance muitas vezes é limitado pela falta de visibilidade.


O nascimento do Clube de Leitura Mista Feminina


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Uma curiosidade fofa: as mascotes dos Clubes são suas gatinhas Nina, Gal e Dora

A demanda do público por recomendações literárias específicas foi o impulso necessário para a criação de um clube de leitura, que se destaca pela abordagem diferenciada. “Eu não queria que fosse um clube onde as pessoas simplesmente lessem o livro e discutissem o enredo. Queria um espaço para refletirmos sobre como essas obras nos transformam, o que aprendemos com elas”, explica.

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Ana e Alexander em viagem ao Rio

O clube se organiza em encontros mensais de forma virtual, esse formato é uma maneira de garantir que a maioria tenha acesso, independentemente de suas rotinas. "Desde pessoas com filhos até quem trabalha em tempo integral conseguem participar. A ideia é que seja acessível."


Embora Ana organize sozinha todas as atividades do clube, ela destaca o apoio do noivo, Alexander, que ajuda com a parte logística, como o envio de encomendas e a contabilidade do projeto. “Ele faz o papel de organizar as entregas e é uma ajuda muito importante para que tudo funcione”, comenta.


Foco em escritoras brasileiras


A escolha de focar em livros de autoras brasileiras tem um motivo claro para Ana. “Eu sinto que a linguagem delas é muito mais próxima da nossa realidade. Quando leio algo escrito por uma mulher brasileira, é palpável o que ela está dizendo. Tem a ver com as nossas vivências, nossa cultura”, explica.


Ela acredita que a literatura brasileira, especialmente a escrita por mulheres, oferece um retrato fiel da sociedade em que vivemos, abordando temas como preconceito, desigualdade e cultura regional de forma autêntica. "Ler algo como Tudo é Rio nos aproxima de realidades que, às vezes, estão ao nosso redor, mas que não percebemos”, afirma.


Além do Clube de Leitura Mista Feminina, a letróloga criou novos grupos voltados a temas específicos, como o Clube de Clássicos e o Clube do Feminino & Loucura. Ambos têm atraído um grande número de leitores. O primeiro foca em autoras consagradas, como Clarice Lispector e Conceição Evaristo, enquanto o segundo explora as complexidades da experiência feminina dentro da literatura.


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A letróloga ao lado de seu pai, um dos responsáveis pelo seu amor pela literatura

Impacto na vida pessoal


O trabalho com o clube de leitura também trouxe mudanças significativas para Ana. “Antes, eu não lia tanto. Na faculdade, lia apenas o que era obrigatório. Mas, com o clube, fui redescobrindo o prazer de ler”, diz. Ela se inspira nos leitores e nas trocas feitas durante os encontros para continuar explorando novas obras e autores.


Ela também credita parte de seu amor pela literatura ao pai, um grande apreciador de romances policiais, e tenta sempre incentivá-lo a ler mais, reforçando o papel da leitura como um meio de conexão e autodescoberta. "A literatura nos ajuda a compreender outras realidades, ao mesmo tempo em que nos identificamos com elas."


Para a jovem, o clube de leitura vai além de um simples grupo de discussão. Ele se tornou um espaço de acolhimento, onde as pessoas podem compartilhar sentimentos, criar laços e se aprofundar em temas relevantes para a vida pessoal. “Eu acho incrível ver como o clube ajuda as pessoas a se conectarem com elas mesmas, a refletirem sobre suas histórias e as histórias de outras mulheres.”


O trabalho de Ana Beatriz Assad mostra que a literatura é uma ferramenta poderosa de transformação, e que, por meio da leitura, é possível criar uma comunidade forte, diversa e acolhedora, onde vozes femininas e brasileiras ganham o destaque que merecem.


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Para conhecer mais o trabalho de Ana Beatriz, confira os links abaixo:








Veja alguns depoimentos de participantes do Clube da Leitura Mista Feminina


Eu já participei de outros clubes, e não que algum deles fossem ruins. Mas existe um sentimento diferente quando se tem um clube com uma energia feminina gigantesca, mas acima de tudo de troca. Tanta vivencias sendo compartilhadas todo dia, tanta identificação umas com as outras. Isso tudo torna o clube um lugar único, quase um refúgio. Poder falar sobre os sentimentos dos livros lidos, e trocar músicas amadas num lugar onde todo mundo aprecia a ARTE de diversas formas. Ver mães sendo acolhidas e vistas como pessoas individuais, com hobbies e gostos. Ver a confiança de cada um desabafando o seu dia e recebendo carinho.... O clube traz uma coisa muito gostosa, amizades e conversas muito legais. E eu adoro fazer parte.

Rhafaela, Rio Grande do Sul, 24 anos


O clube apareceu para mim em um momento de bastante dúvida e solidão, em que eu estava buscando me reconectar com a leitura. Sempre li bastante, mas na faculdade (de exatas) acabei perdendo um pouco esse hábito por conta da pressa da vida. Segui a bia no falecido twitter por conta das indicações dela, que estavam me ajudando a ler umas coisinhas ou pelo menos pensar em ler, e acabei entrando no clube por querer me conectar mais com a leitura e principalmente com meu lado feminino. Minha experiência tem sido muito boa, não tenho nada de ruim para dizer, admiro muito a bia que trabalha tanto para que o clube funcione e admiro também as diversas mulheres de experiências distintas que temos no grupo, pois cada dia me ensinam um pouquinho mais sobre a vida.

Tainá Martins, Rio de Janeiro, 18 anos


O clube surgiu através de um tweet da Bia que questionava se as pessoas teriam interesse num clube de clássicos, a partir daí procurei a conta dela no instagram pra saber mais e assim que vi a oportunidade de entrar no clube de livros escritos por mulheres brasileiras atuais não esperei mais nem um minuto pra me inscrever. Sempre amei literatura, sou apaixonada por livros, então fazer parte de clubes de leitura também sempre foi muito enriquecedor pra mim. Acontece que acredito que esse grupo tem sido totalmente diferente de tudo que já experienciei, além de todos os membros serem extremamente inteligentes, senti um acolhimento muito particular, todas as interações são incríveis e cada pessoa é muito especial. Acredito que, na busca de falar sobre livros, acabei fazendo amigas de maneira inesperada, o que acredito que tenha muito a ver com o impacto que a leitura carrega. A Bia é uma figura a parte, nunca vi alguém tão engajada, dedicada, sensível e presente, é muito admirável perceber que existem pessoas assim e que estão tão dispostas a se doar sem reservas pra arte e para o outro. Enfim, acredito que esse grupo em pouco tempo virou parte muito importante da minha vida, me sinto grata o tempo todo por ter encontrado esse lugar, predominantemente ocupado por mulheres, o que pra mim é ainda mais especial, e que proporciona uma sensação de pertencimento e de comunidade tão grande.

Isadora Ross, Minas Gerais, 27 anos


Eu sempre sonhei muito em escrever livros, mas achava que esse sonho não era pra mim. “Quem sou eu pra escrever um livro”, sempre pensava. Até ouvir uma música que dizia “Não vale a pena envelhecer longe de onde mora o coração”. Então, comecei a pensar que não valia a pena envelhecer longe daquilo que realmente me fazia feliz. A partir daí comecei a estudar mais sobre literatura e voltei a ler mais também. Acontece que minha psicóloga me disse que eu não podia fazer da minha escrita um caminho solitário. Foi assim que comecei a procurar escolas e um clube de leitura do qual eu pudesse participar e o Leitura Mista apareceu como um milagre kk. Já tinha visto sobre vários clubes de leitura em vários lugares, mas nunca senti algo que me fizesse realmente participar. Com o Leitura Mista foi instantâneo, eu sabia que precisava fazer parte desse clube. Sempre me identifiquei muito com a comunidade que a Bia estava criando nas redes sociais. E participar desse clube tem sido um grande aprendizado pra mim. Nunca vi tantas mulheres incríveis juntas num mesmo espaço kk. Tão gentis, inteligentes e dedicadas. Todo dia eu aprendo algo novo sobre os livros, sobre escritoras, sobre ser mulher, sobre a vida. Tem sido especial demais.

Tamires Vichi, São Paulo, 27 anos

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